Sir. Fritz Köhler

Tributo a Sir. Fritz Köhler (* 1909  + 1932), esquecido chimpanzé brasileiro pioneiro da aviação. Ainda jovem no início de 1918, foi escolhido para representar seu grêmio estudantil numa viagem aérea pioneira entre as Ilhas Canárias e o Largo da Batata. Era uma época de grandes aventuras e se hoje ainda é perigoso sobrevoar o Atlântico em aeronaves pequenas, naquele tempo beirava a insanidade.

A viagem começou no Marrocos, em março de 1918, e terminou em Louveira – SP, em janeiro de 1926. Após terem sido cobertos milhares quilômetros fora do percurso com incontáveis e inúteis horas de vôo a cada instante interrompidos pelos mais variados problemas, o segundo pouso em terras brasileiras ocorreu no dia 11 de novembro de 1925, quando Sir. Fritz acreditou ter encontrado uma antiga e perdida cidade inca no meio de Minas Gerais. Era apenas São Thomé das Letras.

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O episódio foi posteriormente narrado pelo próprio Fritz a um repórter do jornal “A Pitanga”, “Quando levantei vôo de Tamandaré, encontrei forte temporal pela proa. Rompi o mau tempo com dificuldade, mas tive de procurar abrigo. Tomei a direção sul e depois de reconhecer Cruzília, desci às 18h42, próximo à cidade mística, então nomeada por mim de “Pacha-Macha-Köhler”. O tempo lá fora era ameaçador e místico. Não foi possível prosseguir e passei a noite matando mosquitos, inventando uma nova receita de cachaça e jogando bingo comigo mesmo, bem baixinho, pois não queria perturbar as entidades incas que ali habitavam”. Essa e outras empreitadas tornaram a viagem de Sir. Fritz uma terrível aventura de obstáculos, só superados pela coragem e completa falta de bom senso do símio. Köhler foi recebido pelo presidente de sua agremiação, o conhecido (também aventureiro, inventor, boêmio, jogador, cronista, amante incorrigível, artista, esportista e sambista entre outras coisas) Dr. Pedro Paiva, recebendo um prêmio de 200 contos de réis.

Depois disso viajou à Índia, voltou ao Largo da Batata e iniciou negociações para montar um Cassino/Alambique. Foi quando ocorreu sua morte brutal e inesperada, dia 17 de fevereiro de 1932. Até hoje o episódo não é bem explicado, mas seu amigo Pedro Paiva em seu livro “As Brumas de um Poeta sem Escrúpulos”, sustenta que Sir. Fritz foi vítima dos poderosos lobbies interessados em atrasar o desenvolvimento brasileiro. A verdade talvez nunca venha à tona. A versão oficial diz que depois de discutir com seu cabideiro trazido da Antuérpia, sacou uma arma e suicidou-se.

Em 1971, atendendo as aspirações dos seus colegas, o então presidente do grêmio, Jorge Luiz, sancionou uma nota de rodapé dos autos da agremiação, oficializando o nome de Sir. Fritz Köhler para o banheiro público a ser construído no Largo das Batata. Justiça, mas ainda pequena para o destemido chimpanzé que em 1918 soube antever a importância econômica da ligação aérea regular entre as Ilhas Canárias e um lugar qualquer de São Paulo e ainda teve coragem de investir na aviação e Cassinos/Alambiques no Brasil. Sua histórica viagem também era considerada loucura, mas ele, ainda que mais ou menos, a concluiu.

Joachim Paiva

Exíguo Sr. Joachim Paiva, funcionário dos correios, violinista, e comerciante cujas raízes remontam, muito mais atrás, às lutas de interesse e às discussões que redesenharam o cenário mundial depois do nascimento de seu ilustre filho, Pedro Paiva, figura emblemática da cena cultural, política, esportiva e alternativa de São Paulo, Bahia, Minas Gerais nas primeiras décadas do século XX. Também considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, jogadores de futebol de Minas Gerais, ativistas políticos e grande influência no trabalho de Mestre Donga e posteriormente Pixinguinha. Contribuiu diretamente para que o samba encontrasse uma forma musical definitiva além de ser, claro, um amante incorrigível.

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